quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A imprensa e a onda mundial de protestos de rua

04/10/2011 |
Carlos Castilho
Observatório da Imprensa
Os protestos de rua estão deixando de ser atos isolados de insatisfação para configurarem um novo fenômeno politico a desafiar a cobertura da imprensa. Até Wall Street entrou na moda, depois que manifestantes norte-americanos decidiram acampar nas proximidades da mais importante bolsa de valores do planeta para protestar contra o que classificam de lucros exagerados do sistema bancário da terra do Tio Sam.
Os protestos se tornaram rotineiros na Europa por conta da crise grega e das medidas de austeridade impostas por governos como os de Portugal, Espanha e Itália. A França e a Inglaterra também viveram dias difíceis recentemente por conta de manifestações que convulsionaram vários bairros de Paris e Londres.
Na América Latina, os estudantes chilenos passaram várias semanas em pé de guerra com a polícia até que o governo conservador do presidente Sebastian Piñera recuou e liberou verbas para a educação. No Brasil, os protestos de rua contra a corrupção começaram insignificantes mas vêm crescendo a cada nova edição, no Rio, São Paulo e Brasília. Até Israel entrou na onda de manifestações para protestar contra a obsessão dos governantes com a segurança nacional e a falta de empenho nas negociações de paz com os países árabes.
Tudo isto acontece depois das rebeliões no Egito, Tunísia, Síria e Líbia, no que foi rotulado como "primavera árabe", promovida por jovens que, tanto quanto seus congêneres da Europa e América Latina, dão sinais de que chegaram ao limite da paciência em matéria de busca de emprego e de oportunidades de trabalho.
O fator em comum a todos esses protestos, e que não está sendo tratado pela imprensa mundial, é a participação dos jovens em todas as manifestações. A mídia quase sempre contextualiza os protestos no clima político partidário dos respectivos países, mas os depoimentos de estudantes, adolescentes e recém-formados minimizam o fator partidário e ideológico. Para eles, a política é vista como algo negativo.
Há uma explicação comum para esses vários protestos: a combinação de desemprego e mesmice politica despertou a impaciência juvenil e, apoiada pela internet, viabilizou um fenômeno que pode estar mudando a conjuntura de muitos países. O desemprego não matou apenas a esperança de independência econômica entre os jovens. Enterrou principalmente a esperança e o futuro. Isso criou a rota mais curta para as ruas e praças, até mesmo em Wall Street.
O repórter norte-americano Nicholas Kristoff é uma exceção na imprensa mundial, pois expressou apoio aos responsáveis pela campanha de rua “Ocupem Wall Street”, no seu blog pessoal, no jornal The New York Times. Kristoff é um respeitado correspondente do NYT na África e tem uma coluna permanente no jornal , além do blog sobre países do Terceiro Mundo.
O que se nota é que enquanto os grande jornais se mostram perplexos sobre o que está acontecendo nas ruas, os repórteres assumem posições mais independentes — como aconteceu também no caso do jornal inglês The Guardian , quando vários repórteres defenderam posições divergentes nos protestos em Londres, em agosto.
O que a imprensa não está vendo é que as ferramentas de comunicação interpessoal na web criram uma espécie de subcultura jovem que não aparece na grande mídia mas se manifesta no Facebook, Twitter, MSN, torpedos e correio eletronico. É essa cultura que permitiu aos jovens árabes atropelar governos estabelecidos há décadas e que eram considerados invulneráveis a protestos populares.
O uso das ferramentas de comunicação da web está sendo coberto mais como uma novidade tecnológica do que como um fenômeno politico. Com isso a imprensa perde a perspectiva do fator mais dinâmico nas manifestações, formado pelo pessimsimo e pela falta de perspectivas entre os jovens de culturas muito diferentes como árabes, judeus e gregos, por exemplo. Valores como o voto e a democracia estão perdendo adeptos na geração com menos de 35 anos porque ela acredita mais na participação direta, descentralização e autonomia, diz Yochai Benkler, diretor do Centro Berkman para Internet e Sociedade, na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

CPI do Ecad está reunida para ouvir novos depoimentos

06/10/2011 |
Redação
Agência Senado
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), que investiga denúncias de irregularidades na distribuição dos recursos do direito autoral, está reunida quinta-feira para colher novos depoimentos.

A comissão deverá ouvir a superintendente do Ecad, Glória Braga; o especialista em Direitos Autorais, Bruno Lewicki; e o Presidente da Sociedade Brasileira de Administração e Proteção dos Direitos Intelectuais (Socimpro), Jorge de Souza Costa.
José Antônio Perdomo Corrêa, superintendente da União Brasileira de Compositores (UBC), que também deveria participar da audiência, enviou justificativa de sua impossibilidade de comparecimento. A Comissão vai marcar outra data para ouvi-lo, segundo informou o presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Se ele faltar nesta próxima audiência, será conduzido por meio de recurso judicial.
Logo após a audiência de hoje a comissão vai votar requerimentos. A reunião acontece na sala 2 da Ala Senador Nilo Coelho.